Superando os Desafios do Primeiro Ano de Vida do Bebê
O primeiro ano de vida de um bebê é marcado por descobertas e desafios únicos. Veja como lidar com essa fase de transição e promover
Entrevista concedida a uma estudante de psicologia.
Não foi publicado
Compartilho com vocês uma entrevista que dei há algum tempo para uma estudante de psicologia. Embora não tenha sido publicado, serviu como embasamento para uma disciplina de ensino. Acredito que as reflexões levantadas a partir das perguntas podem ajudar outras pessoas a compreenderem aspectos importantes da depressão.
Antes de seguirmos propriamente para as perguntas, considero importante uma breve contextualização da abordagem que eu sigo: a abordagem Existencial no método fenomenológico. Nesta abordagem, buscamos compreender como o fenômeno se apresenta para o sujeito, em outras palavras, como é a experiência dele com aquilo que ele está relatando e vivendo, como isso o afeta e qual o sentido que tem para ele mesmo…
Martin Heidegger (1889-1976) foi um filósofo alemão que buscava compreender o sentido do ser. Ele denominava esse ser que busca sentido para sua existência como Dasein (ser-aí) e chamava de Dasein, o ser que se angustiava e buscava o sentido para a questão do existir. Outro ponto importante que é preciso entender é o conceito de consciência: nossa consciência é sempre consciência de alguma coisa (algo ou alguém). Só sou consciente daquilo que consigo perceber, porque, para o método fenomenológico, o objeto não existe em si; ele sempre existe para um observador.
Compreendendo isso, na Abordagem Fenomenológico-Existencial, os sintomas e tudo aquilo que o paciente manifesta não deve ser percebidos de maneira descontextualizada, mas sim levando em consideração como esses sintomas se apresentam para o próprio paciente (e também para o terapeuta).
1. Afinal o que é a depressão existencialista?
Não existe uma resposta para essa pergunta, pois não existe uma depressão existencialista, bem como não existe uma depressão psicanalista. Podemos, no máximo, discutir como a depressão é percebida por cada abordagem e, no caso de profissionais que seguem a abordagem existencial, ela é vista como uma queda ontológica, ou seja, o indivíduo se encontra em um estado de total fechamento para as possibilidades , e o que acaba emergindo são perspectivas negativas e conflitantes.
A psicopatologia clássica define a depressão de diversas maneiras, considerando um conjunto de sintomas para definir uma doença. Já na psicopatologia compreensiva fenomenológica, a depressão é experimentada por cada indivíduo como única. Por isso, a forma como cada um se relaciona com a depressão também é única, e é necessário compreender a pessoa que apresenta sintomas, e não apenas a doença.
2. Quais são os sintomas e as causas da depressão?
Pensando na psicopatologia clássica, esta se refere a um conjunto de sintomas conforme descrito no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5.
Na psicopatologia compreensiva fenomenológica, como mencionado anteriormente, cada indivíduo é único. Portanto, não consideraremos simplesmente um conjunto de sintomas descontextualizados. Em vez disso, levaremos em consideração a história de vida da pessoa, como ela se relaciona com sua própria história e como esses sintomas se apresentam para o próprio paciente.
Por exemplo, às vezes, o paciente chega à terapia dizendo que tem depressão. Nesse caso, é necessário buscar entender o que a depressão significa para ele, pois pode ser apenas o nome que ele encontrou para o sofrimento que vem atravessando, e não necessariamente ele está com depressão, pelo menos não conforme descrito no DSM e/ou CID.
Portanto, devemos sempre ouvir com atenção e acolher o que o paciente está relatando e compreendendo como esses sintomas que ele está descrevendo afetam a sua vida pessoal, social e profissional.
3. Como não confundir depressão com tristeza?
A pessoa com depressão encontra-se em um estado de total fechamento para as possibilidades existenciais (queda). É como se a vida perdesse o tempero, estivesse desbotada, sem nenhuma graça, mas tudo isso sem um motivo aparente. Na tristeza ou mesmo no luto, uma pessoa pode experimentar sentimentos parecidos, mas geralmente ela consegue identificar o motivo de estar se sentindo dessa forma.
Por exemplo, uma pessoa que brigou com o melhor amigo pode se sentir triste por esse motivo, ou alguém que relata sentir dificuldade em se relacionar com as pessoas pode se sentir triste por isso. E ainda, alguém que perdeu um ente querido e está em um processo de assimilar a perda pode estar triste em virtude do estado de luto. Na depressão, quase sempre, a pessoa não é capaz de identificar o motivo que causam os sentimentos que a atravessa.
4. Depressão é falta de Deus?
Não cabe a nós, psicólogos, fazer julgamento de valor. O relacionamento com a fé, ou a falta dela, em Deus ou com qualquer religião é individual; portanto, qualquer julgamento nesse sentido é um julgamento de valor.
Em um atendimento, podemos entender qual o sentido que a fé ou a falta dela ocupa na vida da pessoa, mas não cabe a nós dizermos se falta ou sobra Deus na vida de alguém. Relacionar a existência de uma doença com a presença ou ausência de Deus é, no mínimo, antiético.
Podemos buscar entender como aquele conjunto de sintomas afeta a vida da pessoa e se ela atribui sentidos religiosos a esses sintomas. A partir daí, construímos reflexões, não no campo religioso, mas na busca de sentido.
Isso não significa que não se pode falar de religião na terapia; para algumas pessoas, esse é um tema fundamental. Porém, o profissional de psicologia deve se atentar para que suas crenças pessoais não interfiram no processo
5. Há uma faixa etária mais suscetível à depressão?
A depressão é uma doença que pode acometer qualquer pessoa, desde crianças, jovens, adultos até idosos. Segundo o IBGE de 2019, no Brasil, os idosos (entre 60 e 64 anos de idade) representam a maior população entre as pessoas que convivem com a depressão.
6. Como é tratada a depressão dentro da abordagem existencial?
Vamos sempre ouvir o que o paciente está dizendo, entendendo como os sintomas que ele está relatando afetam a sua vida pessoal, social e profissional.
Dependendo do impacto, lembrando que sempre será avaliado junto com o paciente, pode ser necessário o encaminhamento, avaliação e acompanhamento psiquiátrico.
7. A depressão pode ser genética?
Sim, os motivos que podem provocar a depressão estão divididos em genéticos, psicossociais e biológicos.
Segundo o DSM-5 (2014, p.166) “Genéticos e fisiológicos. Os familiares de primeiro grau de indivíduos com transtorno depressivo maior têm risco 2 a 4 vezes mais elevado de desenvolver a doença que a população em geral. Os riscos relativos parecem ser mais altos para as formas de início precoce e recorrente. A herdabilidade é de aproximadamente 40%, e o traço de personalidade neuroticismo representa uma parte substancial dessa propensão genética.”
(fonte: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014)
8. Quais os níveis de depressão?
Essa é uma pergunta complexa, considerando a abordagem que sigo, pois nela não rotulamos o sujeito. Sempre tratamos a pessoa, ajudando na construção de possibilidades para que o conjunto de sintomas e sofrimento por ela relatado não seja o ponto central de sua existência.
Não tratamos a doença, essas definições vão caber mais aos profissionais de psiquiatria, que vão avaliar de acordo com DSM e também o CID, eles precisam delas para determinar medicações e dosagens. Mas quando se trata de uma escuta psicológica, essas definições dos manuais são menos importantes, isso não quer dizer que ignoramos os sintomas. Os consideramos para entender o impacto que têm na vida da pessoa, mas quem vai classificar e medicar esses sintomas são os psiquiatras.
9. É necessário medicação?
Em alguns casos, sim.
10. Depressão tem cura?
Existe uma divergência de opinião entre alguns psiquiatras. Alguns acreditam em controle, enquanto outros dizem que pode haver cura, mesmo ocorrendo reincidência.
Eu acredito que, se o indivíduo sai de uma postura de fechamento e se lança para novas possibilidades, recuperando sua autonomia, fazendo escolhas e se abrindo para o mundo, pode-se considerar que é uma vivência de saúde.
Por: Joyce Esteves Garbazza – CRP 04/47890
Psicologa Clínica, Especialista em Psicologia Clínica e Análise Existencial
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